"Lana Del Rey é a sua Própria Heroína Feminista"
- lanadelreyportugal
- 19 de jun. de 2014
- 4 min de leitura
A revista 'Esquire' durante esta Quarta-Feira (18 de Junhyo de 2014), publicou na sua website um artigo, onde que defendem Lana Del Rey depois dos comentários desagradáveis que a cantora tem recebido nas últimas semanas devido as recentes declarações que deu a respeito do feminismo. A revista disse que, Lana é a sua própria heróina na luta do gênero, e aproveita para elogiar o novo álbum da cantora lançado esta semana.
"Eis a definição de Lana Del Rey para feminismo: “uma mulher que se sente livre o suficiente para fazer o que quiser.” A cantora disse exatamente isso ao expressar seu desinteresse no feminismo como um “conceito” em uma entrevista recente, o que levantou preocupações habituais de que sua música perpetua as mulheres como vítimas (meia verdade) e/ou que ela está apenas querendo gerar controvérsia (o que é quase improvável, levando em consideração os títulos de suas músicas, “Money Power Glory” e “Fucked My Way Up to the Top”). Mas não podemos confiar em Del Rey para ser seu melhor crítico. (Esta é, afinal, a mulher que afirma sem ironia: “Eu não acho que meu trabalho seja chocante.”) Ela pode não considerar-se uma feminista ou conhecer muito pouco sobre a história do movimento, mas a sua definição de uma feminista – uma mulher que faz o que ela deseja, sem limites – é radical, porém, é algo que ela claramente põe em prática em seu trabalho.
“O feminismo” tem, de certa forma deixado de ser útil como um rótulo. A feminista e acadêmica Holly Hughes, uma vez me disse a seguinte coisa sobre seus alunos, que tinham a mesma idade de Lana Del Rey na época: “Eles vivem vidas feministas e decidem abraçar ou não essa palavra.” Esta é uma mudança histórica mais do que qualquer outra coisa. Da mesma forma como “liberal” era um palavrão antes de Obama tornar-se o seu garoto-propaganda em 2008, “feminista” caiu em desgraça após a segunda onda feminista e as batalhas internas que foram desencadeadas. É perfeitamente possível lutar pela igualdade de direitos de gênero e sentir estigmatizado pela palavra “feminista”.
No entanto, o novo álbum de Lana Del Rey lançado esta semana, ‘Ultraviolence’, é feminista, porque ele mostra o que nenhuma outra mulher mostrou até o momento. É um álbum de raízes por uma grande estrela pop, produzido pelo líder do Black Keys, Dan Auerbach, e gravado ao vivo, com uma banda de sete músicos. É lânguido, sem qualquer grande construção em seus refrões (o primeiro single, “West Coast”, na verdade diminui o ritmo quando chega no refrão). É totalmente fora de moda, o som de Del Rey finalmente se desenvolve em relação a imagem de norte-americana dos anos sessenta que ela adotou desde o início de sua carreira. E ele vai vender milhões no mundo todo, numa época em que isso é quase improvável sem um hit nas rádios.
Mas ‘Ultraviolence’ é uma obra feminista por outro motivo. Del Rey escreve e canta sobre mulheres apaixonadas por homens perigosos e abusivos, e que gostam disso. Por isso os críticos têm chamado Del Rey de “anti feminista”. Seguindo essa lógica curiosamente conservadora, as feministas só devem fazer canções sobre mulheres poderosas, como em quase todas as canções que estão no topo das paradas, apresentadas por divas como Katy Perry e Lady Gaga. Essa linha de pensamento não é apenas conservadora, é antiética. Isso pressupõe que os músicos feministas devem dizer às mulheres como viver, ao invés de expressar suas múltiplas realidades, incluindo aquelas que são cruéis e insensatas, como Del Rey faz, de forma fantástica.
Há um duplo padrão aqui. Ninguém piscaria um olho sequer se, Jack White, Kanye West ou Trent Reznor revelassem ter tendências masoquistas. Mas a declaração de Del Rey “Eu gostaria de já ter morrido” é chocante porque na concepção das pessoas, mulheres jovens, bonitas, e ricas não tem o direito de desejar tal coisa. Este desejo de morte está em todo o ‘Ultraviolence’, e é o que o torna tão subversivo, e que em outras mãos poderia ser antiquado. Muitos jovens adotaram Jim Morrison como seu ícone trágico, um homem que voou para os braços da morte procurando por adrenalina. Del Rey está apenas pedindo a nova geração para fazer o mesmo por ela.
Falando agora sobre a música mais provocativa em ‘Ultraviolence’, a sua faixa título. É supostamente sobre uma mulher que está sendo ferida fisicamente por um homem, mas não consegue deixar de amá-lo. Ela diz “Ele me bateu e era como um beijo”. Mas Del Rey vai um passo mais além, sugerindo que o homem está tentando salvar a mulher, que está “cheia de veneno”. Você também pode interpretar a letra como uma metáfora para vício em álcool. De qualquer maneira, é uma canção poderosa sobre o que significa estar em uma relação doentia.
‘Ultraviolence’ é repleto de elementos já usados anteriormente por Del Rey, como mulheres atraentes, vestidos vermelhos apertados, amantes, e homens que não podem decidir o que querem. Mas Del Rey está, dessa vez, consciente do que está dizendo. A inteligente “Brooklyn Baby” tira sarro de músicos esnobes e suas composições artificiais, mas também se alinha com as pessoas que acreditam na honestidade de sua música, e contra o cinismo dos meios de comunicação que reduzem Lana Del Rey em manchetes fáceis: “Você nunca gostou do modo como eu falo, se não entende, esqueça”. Fica claro que Del Rey não precisa e nem quer convencer seus haters de alguma coisa. A adoração de seus fãs é suficiente e tem sido comparada à época da Beatlemania.
Ao invés de afastar-se do tema polêmico, que a tem taxado como “anti-feminista”, Lana Del Rey soube usá-lo de forma inteligente. Ela criou um álbum que é, ao mesmo tempo, lindo e desconfortável, mas que ninguém poderia ter esperado. E ela será adorada por ele por muitos anos. Ela levou os ouvintes para lugares que você não deveria ir, e que é exatamente onde Lana Del Rey gosta de estar. Ela é uma feminista. Ela faz exatamente tudo o que ela quiser." - Texto por Paul Schrodt.
Via: Lana Del Rey Brasil
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