Lana Del Rey para o Inquirer: 'Eu era muito selvagem'

Lana Del Rey foi entrevistada para o site Inquirer, e a entrevista publicada hoje, dia 14 de fevereiro, fala de temas como o alcoolismo de Lana, o tempo em que ela era uma cantora de coro na sua igreja, sobre seu ex-namorado Barrie James O'Neill, entre outras coisas.

“Eu era bastante selvagem”, admite Lana Del Rey, que relembrou o seu passado perturbado na nossa entrevista. A cantora-compositora sofreu de alcoolismo, muito nova “Eu fui para um colégio interno (Kent School), em Connecticut, o que foi incomum porque eu sou de Lake Placid (Nova Iorque).” Ela tinha apenas 15 anos; os seus pais mandaram-na para Kent com esperanças de que ela ficasse sóbria.

“Nós não conhecíamos ninguém que tivesse ido para um colégio interno,” disse Lana, com uma beleza impressionante num top preto, uma saia e uns óculos de sol em cima da sua cabeça.

Lado obscuro

Ela contou à revista GQ sobre o seu alcoolismo: “Eu bebia muito naquela altura, eu bebia todos os dias, eu bebia sozinha, eu pensava que todo o conceito (de beber) era bom p'ra caralho. Uma grande parte do que o que eu escrevi no álbum Born To Die é sobre estes anos selvagens. Os meus pais estavam preocupados, eu estava preocupada. Eu soube que era um problema quando eu comecei a gostar mais de beber do que de fazer outras coisas. Primeiro é normal…tu pensas que tens um lado obscuro – é excitante – e depois percebes que o lado obscuro ganha todas as vezes que tu decides beber. Foi a pior coisa que já me aconteceu.”

Mesmo naquela altura, Lana sentia a sua unidade artística. “No fundo do meu coração, eu queria mesmo ser criativa. Eu estava à procura de uma direção, confirmação, de alguém dizer que não precisava de ser só um negócio; que poderias fazer algo onde toda a tua vida vai acabar por ser uma extensão da tua profissão.”

Cantora de coro

Lana, que tem descendência escocesa, disse que escreveu a sua primeira música aos 11 anos: “Era chamada China Palace, era sobre ser uma princesa.”

Ela sempre esperou ter talento, disse Lana, que foi criada como uma católica. “Eu era cantora no coro da minha igreja, era um anjo em concursos de Natal. Eu gostava mesmo de cantar.”

A nativa de Nova Iorque, cujo nome verdadeiro é Elizabeth Woolridge Grant (e o seu antigo nome de palco, Lizzy Grant) ainda adicionou, “Mesmo quando era nova, eu queria muito ter uma carreira. Eu não sabia se conseguiria. Foi essa frustração uma das causas que me levou por este caminho. Eu tenho pessoas que me inspiram na minha vida – pessoas que eu conheço ao longo do caminho que não são muito conhecidas.”

Ela mencionou algumas pessoas, como Jane Powers. “Ela é uma agente imobiliária, eu conheci-a há sete anos em Nova Iorque e eu adorei-a. Eu queria mesmo ser uma cantora, eu dizia ‘Eu não sei o que vai acontecer’ e ela dizia, “Deus não te salvou de te afogares apenas para te mandar da costa. Tudo o que precisas é de paciência quando tens persistência.’ Ela é mesmo um anjo”.

Inspirações criativas

Ela citou o seu pai, Robert England Grant Jr.: “Ele é outra pessoa maravilhosa. Eu tenho bastantes inspirações criativas. Eu amo (Federico) Fellini. Há um documentário sobre ele, chamado I’m a Born Liar, que é bastante interessante.”

Bob Dylan inspirou-a, ela disse que “a forma que ele meio que cria a sua própria história e que lhe permite criar o seu próprio futuro. Eu mudei-me para West Village (Nova Iorque) porque eu amei esta era no anos 60 quando eles estavam a criar um novo mundo.”

Lana ama os anos 50 e 60 tanto que ela descreve-se a si própria como uma “Nancy Sinatra gangster”.

Nas suas relações que incluem um executivo de uma editora e músicos, Lana confessa: “Eu sou frequentemente aquela em que não se pode confiar porque eu nunca tenho a certeza. As pessoas dizem quando tu sabes, tu sabes. Eu nunca soube. Quando tu continuas mesmo que não tenhas a certeza, isso não te faz exatamente digno de confiança. Eu já tive deceções em relações em que eu estava cheia de esperanças, mas nunca porque a pessoa foi desonesta – talvez não inteiramente ele próprio, ainda.”

A sua grande ideia cármica

“Eu tive sorte por já ter estado numa relação duradoura onde tantas coincidências aconteceram na relação, quase como acabar as frases de um do outro. Eu tive sorte, sem querer soar repetitiva, em estar quase ligada psiquicamente noutro nível com alguém. Isso definiu mesmo essa relação, à parte de outras que me fizeram sentir bem mas que talvez, eu me tenha apercebido, não foram tão significativas na minha grande, cármica ideia da vida.”

“Infelizmente, ele não tem andado bem durante quatro anos. Eventualmente, eu decidi ir para a frente e experimentar algo de novo. Eu sou tradicional, eu acho que procuro algo que torne tudo ainda mais belo do que já é.”

Estará ela apaixonada agora? “Talvez,” respondeu ela com um sorriso. Lana está supostamente a namorar com Francesco Carrozzini, um fotógrafo italiano.

Sobre a sua carreira musical (o seu terceiro álbum, Ultraviolence, estreou no topo da Billboard no ano passado), Lana disse, “Eu sinto que os três álbuns foram tão pesados e autobiográficos, que tem sido tão catártico. Eu gosto de usar o meu antigo trabalho como algo para pular para um ponto em que possa fazer algo novo.”

“Eu estou pronta para ir para um lugar mais surreal tipo Lucy in the Sky With Diamonds. Isso é a razão pela qual eu gosto do que ouvi sobre Fellini e todos os filmes que foram overdubbed (técnica de gravação onde se adicionam novos sons a outros já gravados) e que os atores estavam a contar e não a dizer apenas as suas frases. Eu não podia acreditar nisso.”

Novo álbum

O novo álbum de Lana, Honeymoon, inclui o seu cover da música Don’t Let Me Be Misunderstood de Nina Simone.

A cantora-compositora, cuja música Big Eyes do filme com o mesmo nome ganhou uma nomeação nos recentes Globos de Ouro exultou o poder das palavras: “Eu sou uma daquelas pessoas que acredita que as palavras são uma das últimas formas de magia que existe,” disse Lana, que ganhou a sua primeira nomeação nos Grammy do ano passado. “Se puderes alterar os sentimentos das pessoas através de rimas, dísticos e melodias, então é uma profissão divertida de se ter. Eu encontro-me às vezes num impasse entre escrever autobiograficamente e viver vicariamente através das minhas próprias letras.”

“É uma forma de escapar em algumas formas, agora que eu não saio muito. Então, definitivamente, se fores sortudo o suficiente para fazeres o que amas, pode ser toda a tua vida. Eu sou bastante sortuda.”

Ela descreveu o seu processo de escrever músicas.“Eu gosto de escrever à noite. Eu vivi em Nova Iorque durante 10 anos, eu nunca pensei que eu iria mudar-me para a costa oeste. Agora que eu estou na Califórnia, eu percebi que eu na verdade amo escrever quando está mesmo quente. Então eu gosto da época do verão; sou uma perseguidora de sol. Tudo é época de verão (summertime), eu fui banida de dizer essa palavra.”

Amor e os trópicos

“Eu gosto de estar apaixonada quando estou a escrever. Eu gosto de qualquer coisa que seja tropical e exótica, algo taitiano, havaiano.”

Lana ficou mal quando os seus primeiros trabalhos foram criticados. “Eu tenho estado triste por diferentes razões, eu tenho as minhas próprias razões pessoais. Eu fiquei desapontada quando fui criticada inicialmente por esses álbuns pelos quais eu estava afeiçoada porque eu considero-me como uma escritora. Talvez o meu aspeto exterior foi a causa disso, foi desapontante durante alguns anos."

“Nova Iorque foi a minha grande inspiração e depois ter estado na TV em Nova Iorque e sentir que não correu muito bem, (a sua performance no Saturday Night Live que foi criticada)… mudar-me para a costa oeste e orientar tudo de novo. Foi muito para mudar.”

Questionada sobre como está agora, Lana, com 29 anos e prestes a embarcar numa tour este ano com Courtney Love, respondeu: “A primeira coisa que eu preciso é de ser feliz, o que pode ser difícil quando estás em tour durante sete meses do ano.”