Lana Del Rey É Capa E Concebe Entrevista Para A Les InRocks
- lanadelreyportugal
- 17 de set. de 2015
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A divulgar o álbum Honeymoon, que será lançado em Portugal em menos de uma hora, Lana Del Rey é capa da nova edição da revista francesa Les InRocks, onde concebeu uma entrevista e posou para as lentes do fotografo e seu amigo Neil Krug. Confere a entrevista completa e traduzida em português, em baixo:
Como é que você enfrentou a incompreensão do seu álbum Ultraviolence no ano passado?
Eu herdei um lado filosófico do meu pai [Robert Grant]: se as coisas não estão tão más, então elas vão bem. Sinto-me privilegiada por ser capaz de continuar a fazer o que eu adoro. Eu não me importo com os críticos do meu álbum, mas eles mudam o modo como as pessoas vão ouvir as minhas músicas, assim como receber ecos favoráveis…
Então você precisou dessa luz na sua vida, dessa frieza?
De certa forma, era um antídoto para o que aconteceu na minha vida. Eu precisava fazer um álbum que soasse exatamente o que eu tinha na cabeça. Era o único jeito de preservar a minha visão. Eu sempre precisava desse tipo de simplicidade. Eu senti uma verdadeira frieza no que diz respeito ao caminho que a música estava a ir para ser recebida e, ao mesmo tempo, eu estava totalmente obcecada pela minha capacidade, as minhas músicas. Este é o melhor estado de espírito possível quando você está a fazer um álbum.
Em torno de você, haviam muitas pessoas dando as suas opiniões, os seus conselhos?
Há constantemente um monte de pessoas e todas emitiram muitas opiniões sobre o meu álbum atual. Não é porque eu as desprezo, mas… Quando se trata de produzir, em particular a voz, sinto-me confortável apenas se eu permanecer fiel ao que eu ouço dentro de mim. Eu não gravei o Ultraviolence em resposta a alguém ou alguma coisa: é apenas o disco que eu queria escrever, e da maneira que eu queria que ele soasse.
Você se preocupa, em relação às expectativas, em frente hà uma página em branco?
Sinto-me muito distante destas expectativas, certamente por que as reações das pessoas à minha música continuam a ser diferentes da minha. Apenas me senti sobrecarregada no momento em que todos os lugares diziam que a minha música era extremamente triste, até mesmo prejudicial. O melhor remédio era fechar as persianas e continuar a trabalhar.
Então você pensou em fugir?
Sim, isso pode ser a verdadeira tentação, de várias maneiras possíveis… O meu cérebro e a minha imaginação tendem a funcionar em alta velocidade, os meus escapes são, portanto, preferencialmente físicos — mudar-me, por exemplo. Eu sinto a necessidade de viver algo diferente, neurologicamente ou fisicamente… Encontro sempre um jeito de escapar. E sem recorrer a amigos imaginários; Nunca tive um.
Você pode, às vezes, apenas bater á porta?
É sempre possível quando se quer fugir. O grande problema é que em qualquer lugar que eu vá, vou estar comigo mesma. Por isso, é complicado para mim escapar como eu gostaria. Os dois lugares onde consigo fazer isso é na praia e quando estou a conduzir. Por muito tempo, a minha própria música foi a minha mais bela fonte de escape… Quando se tornou mais concreto através dos anos, isso tornou-se a minha realidade, a qual eu tentei escapar. Apesar disso, tenho uma relação visceral com a música, é uma das coisas mais íntimas e mais naturais para mim. Em termos de prazer, coloco a música no mesmo patamar que o sexo.
Por que a música tomou tal lugar na sua vida?
Porque eu tinha a intenção de fazer algumas. Eu contentei-me em fazer o que eu deveria fazer e isso invadiu totalmente a minha vida. É isso que surge quando estamos no caminho certo. Até poucos anos atrás, eu considerava certos músicos como enormes inspirações. Sentia muito amor por eles, mas de um modo saudável! Eu perdi recentemente um pouco dessa conexão.
Você canta um pequeno trecho de David Bowie no álbum. Ele sempre esteve no seu templo?
Às vezes, quando você canta e improvisa, frases aparecem do nada… Espero que ele não se importe. Mas estou convencida de que as suas palavras surgiram por uma razão, por isso nunca alterei esse verso. Ele tem uma alma tão emocionante. Ele vem de um período extraordinário, com toda esta música, a arte, a energia da época. Eu adoraria viver nesta era, com amigos [Bowie, Iggy Pop e Lou Reed] incríveis!
Em que medida a sua relação com a arte de cantar evoluiu desde o seu início [como cantora]?
Há uma década, eu mergulhei completamente, com prazer, nesta relação. Lembro-me com ternura dos meus primeiros passos, mesmo que distante… Mas, recentemente, ligo menos para as estruturas, as composições, deixo as coisas serem criadas naturalmente. Para ser honesta, essa liberdade musical é empolgante, sinto-me abençoada. É como se você tivesse a escapar das estruturas que até então te definiam e que te envolviam numa outra dimensão psíquica, que agora puxou de volta os limites da sua alma, graças às palavras e melodias…
Você está, tecnicamente, muito envolvida?
Em termos de sons, arranjos, produção, é fundamental para mim ser bem precisa. Num álbum, a parte dedicada para a mixagem e para a masterização leva uma enorme quantidade de tempo. Com o meu produtor e o meu engenheiro de som, eu estou totalmente envolvida nesse trabalho. Comigo, muito tempo depois que parei de compor músicas, a produção se envolve constantemente, até o último minuto. Estou, portanto, muito exigente nesse aspecto também, que me tira muito tempo. Eu, no entanto, me sentia mais fluída, mais eloquente com a “linguagem da música” quando era jovem… Eu também já disse muitas coisas nas minhas gravações e tive muitas experiências nesses dois anos que finalmente terminaram de parasitar as transmissões, as traduções entre a musa e eu.
O que você mudou no seu método de trabalho para o Honeymoon?
Não mudei muito, contentei-me desta vez em não procurar um segundo produtor para interromper o som do álbum como já tinha começado. No ano passado, eu fiz tudo com o Rick Nowels antes de dar o álbum para o Dan Auerbach. Dessa vez, eu fiquei no estúdio com Rick e nós terminamos tudo juntos. Ele é, ao mesmo tempo, o meu parceiro e um amigo querido.
Uma palavra ou uma ideia que definem a estética desse novo álbum?
A música Honeymoon define o tom com Music To Watch Boys To. Eu adoro a ideia de “lua de mel”, é o ápice de uma relação romântica… Era pra ser, supostamente, o momento mais lindo de uma mulher… Eu provavelmente tentei deixar a minha vida mais bonita do que é. Todos os sentimentos, todos os interesses que eu senti, todas as questões que eu fiz para mim mesma sobre o futuro influenciaram as palavras, claro, mas também as melodias… Fora isso, eu não senti influências externas para esse álbum, além do jazz e da trap music, que marcou a produção das duas músicas.
Você lembra-se da sua primeira guitarra?
O meu tio Tim emprestou-me a dele, eu não fiquei com ela, a guitarra ficou na casa dele.
De onde vem a sua nostalgia?
Eu acho que vem a toda hora. Sou bastante contemplativa. A minha paixão por filmes belos indubitavelmente explica o por que minha estética pode ser pensada como nostalgia… Eu também sou muito romântica: a combinação de tudo isso pode ser chamada de nostalgia, talvez. Eu prefiro pensar que eu tenho bom gosto! Será que um dia irei compor a minha própria banda sonora? Quem sabe, talvez esteja escrito no meu futuro….
O que você gostaria de mudar na sua casa (em você)?
Eu gostaria de viver sem preocupações, sem medos.
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