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Lana Del Rey É Capa Da Billboard

  • lanadelreyportugal
  • 24 de out. de 2015
  • 9 min de leitura

Lana Del Rey É Capa Da Billboard

Lana Del Rey é a capa da edição desta semana da conhecida revista norte-americana Billboard. A cantora concebeu uma entrevista para o romancista e roteirista Bruce Wagner, onde falou sobre ter filhos, relacionamento amorosos, trabalhar no cinema, a morte, entre outros assuntos. Confere a entrevista completa e traduzia para português em baixo:


Lana Del Rey e eu fomos apresentados pela primeira vez numa mansão do Architectural Digest em Pacific Coast Highway durante uma festa, muito estranhamente, por Werner Herzog e o seu companheiro, o físico Lawrence Krauss (Del Rey já falou sobre o seu interesse por ciência e filosofia). Naquela noite, ela estava a usar um vestido de camisa pólo desajustado com uma vibe pessoal-vintage. No mesmo modo fascinante de “Estrelas Sem Maquiagem”, ela foi despretensiosa e suavemente gregária, como uma inocente, recém-chegada, com um vestido inapropriado para a sua entrada na cidade. Eu estava na mesma mesa e ela apanhou-me a encarar o horizonte. Del Rey foi ironicamente atraída, namoriscando o seu namorado, o fotógrafo e diretor italiano Francesco Carrozzini, para dar uma olhada no clichê: O velho no ninho. O seu calor levou-me para fora de mim mesmo.


O quarto álbum de Lana Del Rey, Honeymoon, estreou em segundo lugar na Billboard 200 em Setembro, mas quando a perguntei se ela planeava ir para a estrada para promovê-lo, ela balançou a cabeça. “Eu faço tudo de trás para frente. Já aconteceu — Na verdade, estou satisfeita com a turnê mundial que comecei há quatro anos, quando eu precisava estar lá fora. Eu realmente precisava estar lá fora a cantar.”


Esse êxodo nasceu da necessidade de cura após uma aparição em 2012 no Saturday Night Live, que provocou uma tempestade de “abate do cordeiro de escárnio” devido as idas e vindas da estrela, que parecia ter saído da zona de amadorismo. Ela foi asfaltada como uma pessoa artificial — parte Edie Sedgwick, parte Vale das Bonecas — mas descobriu-se que Del Rey estava na final do Ato Um, um “jogo” americano de crucificação e ressurreição de celebridades.


Nascida Lizzy Grant em Lake Placid, Nova Iorque, Del Rey mudou-se para Manhattan com 18 anos. “Por sete anos, eu escrevi canções sensuais sobre o amor”, diz ela. “Esse foi o momento mais feliz da minha vida.” A imagem que tanta gente fofoqueira tem projetado (da exibicionista rica, anti-feminista suicida, uma mórbida dilatante) tem, ao invés disso, se transformado num ícone quase religioso da sedução fantasmagórica. Ela é um fenómeno global, parte de uma conversa natural e uma paisagem sonora cultural. Nielsen Music estima que ela tenha vendido 2.5 milhões de álbuns nos Estados Unidos, e os seus vídeos foram vistos centenas de milhões de vezes. Del Rey está há alguns anos do seu retorno do deserto, chegando num comboio misterioso com ventos de Santa Ana, com um medo existencial e um “soft ice cream” (para citar a música Salvatore) que é exclusivamente seu.


Encontrei-a para a entrevista numa casa de John Lautner que ela aluga em Los Angeles. Lautner era um inspirador arquiteto do sul da Califórnia, e Del Rey diz que a sua escolha de hospedagem foi deliberada. Ela projeta a sua vida. Ela cumprimenta-me no caminho — curiosa, amigável e consciente. Por um momento, ela parece-se com o Elvis Presley e a Priscilla, os dois num só. O cabelo é Clairol escuro vintage, os olhos verdes, o ruivo faz mais efeito sobre ela.


“Você adoraria o meu pai”, diz ela. Ela estava no telefone com ele; os seus pais estão de visita. Ele é um vendedor de imóveis, e a sua mãe é professora de Inglês cuja paixão é ler livros de história. Del Rey vive aqui com a sua irmã mais nova, Caroline Grant, uma fotógrafa conhecida por Chuck. (Lana diz-me que a sua irmã ficou tão chocado com a força das emoções dos fãs durante os shows que ela não tira mais fotos deles.)


“O meu pai é aquele homem com perfeitas camisas havaianas combinando com os calções”, conta.“Outro dia ele disse: ‘Devemos pensar sobre comprar um Rolls-Royce vintage para ti.’ Eu disse: ‘Hum, vai chamar um pouco a atenção.’ E ela disse: ‘Uh, certo.'”


O que você faz agora que não há nada programado na sua agenda?

Eu faço longas caminhadas, longas viagens. Entro no carro e dirijo pelas ruas, a procura de lugares. Eu vou para a Big Sur [região localizada no centro da Califórnia]. Eu amo Big Sur, mas ficou tão turística. Eu fui à General Store, e havia muitas pessoas. Numa segunda-feira! Mas sou atraída para lá. Às vezes, eu vou lá para escrever. Eu estive a pensar que talvez seja hora de fazer um vídeo mais longo, um vídeo de 40 minutos. Eu estava a assistir The Sandpiper, e estava a trabalhar em algo mais ou menos baseado nele.


Você já pensou em escrever algo para si mesma? Derrubar o helicóptero com um paparazzo no vídeo de High By The Beach foi uma ideia sua, não?

Sim, foi. Eu gostaria de escrever um livro um dia. Mas você precisa de um começo, meio e fim! Sou capaz de lidar com quatro minutos — mas eu não tenho tanta certeza se consigo lidar com um livro.


As suas músicas God Knows I Tried encaixam-se em algum lugar entre God Only Knows, dos The Beach Boys, e de Hallelujah, de Leonard Cohen. Estou a pensar em Cohen por causa do verso “Embora tudo tenha dado errado.“

Eu amo o Leonard — porque ele é todo sobre as mulheres. Mulheres e Deus.


Será que tudo deu errado?

É difícil para mim, às vezes, pensar sobre prosseguir quando eu sei que nós vamos morrer. Alguma coisa aconteceu nos últimos três anos, com o meu pânico…


Eu tinha lido que você estava propenso a isso.

E ficou ainda pior. Mas eu sempre fui propensa a isso. Eu lembro que — eu estava, eu acho, com 4 anos — tinha acabado de ver um programa na televisão em que uma pessoa foi morta. E virei-me para os meus pais e disse: “Nós todos vamos morrer?” Eles disseram sim e eu fiquei totalmente perturbada. Caí em lágrimas e disse: “Nós temos que seguir em frente!”


Como é que você lida com isso?

Eu vi um psicólogo — três vezes. Mas sinto-me realmente mais confortável sentada naquela cadeira no estúdio, a escrever ou cantar.


O pânico não durará para sempre.

Eu não penso assim. Mas, às vezes, você só quer ser capaz de apreciar a vista. Eu acho que sou realmente como a minha mãe, no sentido de que eu também faço pequenas listas. Para me acalmar. Eu recompenso-me. Você sabe, “Se eu terminar isso, então eu vou fazer isso” — Vou para uma caminhada na praia ou nadar no oceano. Eu vou nadar e fico chocada em fazer isso, porque uma coisa que me deixa apavorada são os tubarões.


Você acha que ter um filho iria te relaxar? Você quer ter filhos?

Tenho pensado sobre isso. Realmente eu pensei sobre isso ultimamente, já que acabei de completar 30 anos. Eu adoraria ter filhas. Mas eu não acho que seria uma boa ideia ter filhos com alguém que não está… na mesma página.


Alguém que…

Quem não é exatamente — como eu! (Risos.) Embora talvez seja melhor ter filhos com alguém que seja… Normal.


Quando foi a última vez que você foi destruída por um caso de amor?

O último — antes do namorado com quem estou agora — foi muito mau. Não foi bom estar no relacionamento, mas também não foi bom estar fora dele. Ele era como um irmão gémeo. Não um gémeo idêntico, mas um irmão gémeo verdadeiro.


Então, talvez encontrar uma pessoa igual a você não funciona. Relacionamentos são difíceis para você?

Para alguém como eu — e não é uma coisa co-dependente — apenas gosto de ter alguém lá. Eu estive sozinha, e isso é bom. Mas eu gostaria de voltar para casa e ter alguém lá. Você sabe, para dizer: “Oh, ele está aqui. E essa outra coisa (Expressa por mímica uma mesa.) está lá. E isso (Expressa por mímica colocando um objeto sobre a mesa.) Está lá. (Risos.) Eu sou muito metódica. Eu tenho que ser. Eu sou assim no estúdio também. Mixagem e masterização podem demorar mais de quatro meses depois de terminarmos de gravar — três para mixar e um para masterizar. Eu gosto de ter um plano. Embora eu deixe espaços para improvisos no estúdio quando eu escrevo.


Você se importa se eu escrever tudo isso? Porque eu não quero chatear Francesco.

Oh, ele vai ler isso! Mas ele vai ter coisas a dizer de qualquer maneira. Ele é muito… agressivo. (Sorrisos). E além disso, eu não disse que ele não era exatamente como eu.


Há algo estranhamente xamânico sobre o seu trabalho. Você canaliza Los Angeles de maneiras que eu não tinha visto acontecer por parte de ninguém, pelo menos não há muito tempo. Lugares agora extintos, ruas e sentimentos que você não tem direito de evocar por causa da sua idade. E é tão improvável que você é o único a ser o oráculo dessa maneira. Mas é pra valer.

Eu sei. Eu sei disso. Eu amo essa palavra, “xamânica.” Eu leio energia, sempre o fiz. Um dos livros que eu amo — além de Hollywood Babylon, por Kenneth Anger — é a autobiografia de um iogue. E Wayne Walter Dyer [autor norte-americano conhecido pelo seu livro Your Erroneous Zones de 1976, faleceu em Agosto deste ano)… Eu fiquei tão chateada quando ele morreu! Ele deu-me muito ao longo dos últimos 15 anos. Eu fui ver um clarividente. Ele pediu-me para escrever quatro coisas num cartão antes de eu entrar, coisas que eu poderia estar a pensar, e ele acertou todas as quatro. Eu perguntei sobre o homem com quem eu estava a sair — aquele, antes do atual. Ele disse: “Eu realmente não gosto de falar sobre o assunto mas eu não o vejo presente. Ele está a ver o futuro e não o vê presente. Ah não!”


Você está ciente do seu efeito sobre os homens?

Só recentemente eu me tornei consciente dos homens heterossexuais que escutam a minha música. Eu lembro-me quando eu tinha 16 anos, eu tinha um namorado. Acho que ele tinha… 25? Eu pensei que aquilo era uma das melhores coisas. Ele tinha uma picape F-150 e deixou-me dirigi-la uma vez. Eu estava tão entusiasmada! Entrei em pânico e fiquei preocupada que poderia matar alguém — atropelar uma freira ou algo assim. Eu comecei a tremer. Eu estava a gritar e chorar. Eu viu a observar-me e ele estava a sorrir. Ele disse: “Eu amo o facto que tu estás fora de controle.” Ele viu o quão vulnerável e amedrontada eu estava, e adorava isso. A balança mudou naquele momento. Eu tinha o controle até então.


Você quer estar no cinema?

Bem… Estou aberta a tudo. James Franco pediu-me para estar em três filmes que iam ser dirigidos por um diretor espanhol, e eu estava hesitante. Eu acho que ele ouviu a minha hesitação e ficou com medo. Alguém queria que eu fosse Sharon Tate [atriz e modelo norte-americana]. Eu pensei: “Isso é tão certo.” Naquela época, havia três filmes de Manson sendo comentados, mas nenhum deles foram feitos. Então talvez essa fosse a resposta.


Você já foi a “voz da razão” para um amigo em crise?

Eu já — eu posso ser. É mais fácil fazer isso às vezes… Para alguém que já tem um pensamento pela metade em mente.


Ou seja, você.

Sim. (Pausa.) Sabe, eu vivi em Hancock Park uma vez e, lá, pensei numa ideia para um filme. Eu alugava esta casa cujas altas paredes já existiam, mas de acordo com a lei eu podia as aumentar ainda mais, então é claro que eu continuei deixando-as mais e mais altas. E eu tive uma ideia sobre escrever algo sobre uma mulher que vive lá, uma cantora perdendo a cabeça. Ela tem um sistema de segurança instalado, câmeras em todos os lugares. As únicas pessoas que ela viu foram pessoas que trabalham na propriedade: o pessoal da construção e jardineiros. Um dia ela ouve o jardineiro cantarolando uma canção que ela escreveu. Ela entra em pânico e pensa: “Oh, meu Deus. Eu estava cantarolando isso em voz alta ou apenas para mim mesma? E se fosse em voz alta, não era às 4 da manhã? Isso significa que ele estava do lado de fora da minha janela?” Em seguida, há uma tempestade, uma dessas tempestades de Los Angeles. E a energia cai, exceto para as câmeras, que são de uma fonte diferente. E a piscina está vazia há meses por causa da seca. Então, ela sai da casa no meio da noite porque ouve algo, tropeça na enxada do jardineiro, cai na piscina vazia e morre de bruços, como William Holden no final de Sunset Boulevard.


Para mim, uma das coisas mais interessantes sobre você e a sua história — e, claro, o seu trabalho — é que você ‘vai pelo meio’. O que acabou bem.

Eu penso sobre isso, e eu sou muito grata. Estou ciente de que tudo poderia facilmente não ter acontecido. Que eu poderia ter-me tornado num… pesadelo americano. Eu vejo — Lana- eu ouço a e a observo a, e eu sou… protetora.


Vamos terminar com Big Sur [livro de Jack Kerouac de 1962]. Você acha que o seu interesse é por meio da sua afinidade com os Beats? O seu fascínio com Kerouac?

Big Sur desafia-me a render. O que me atrai são… as curvas. Estou realmente atraída pelas curvas.


Confere as quase 10 fotografias do ensaio fotográfico da Lana para a Billboard, clicando aqui ou em umas das miniaturas em baixo:

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