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DAZED AND CONFUSED: "LANA DEL REY: SELVAGEM NO CORAÇÃO"





Hoje, (18/04), foi publicada a entrevista que Lana Del Rey concedeu à revista Dazed and Confused.

A entrevista conta com novos detalhes sobre o próximo álbum, 'Lust for Life', como colaborações, excertos de músicas, processo de criação do álbum — tudo isto numa conversa entre Lana e Courtney Love. Confere a entrevista completa, e traduzida, em baixo:

 

É esta a misteriosa Lana Del Rey? — preparada para lançar o seu quinto LP, a rainha sonhadora do pop na brisa de LA com a hellraiser Courtney Love.


A voz de Courtney Love é inequivocadamente próxima da música de Lana Del Rey: “É esta a primeira e única Courtney Love?”



Já passou algum tempo desde que qualquer um de nós ouviu algo de Del Rey.


Ela liga a Love da sua casa em Califórnia, umas semanas após lançar ‘Love’, o florescente primeiro single do seu quinto álbum, 'Lust for Life'. Embora o último álbum de Del Rey, 'Honeymoon', apenas tenha sido lançado há ano e meio atrás, esse período pareceu bem grande. Uma espécie de “anti-hino”, ‘Love’ tem em conta tempos tumultuosos, oferecendo comiseração. Frases como “the worlds is yours and you can’t refuse it” desliza sobre um refrão que proclama, “You get ready, you get all dressed up to go nowhere in particular.” O vídeo leva um grupo de adolescentes, com aparelhos dos dias de hoje, para um espaço sideral vintage.



É uma mensagem que podia ser facilmente confundida por niilismo. Um mês depois, Del Rey antecipou o criticismo através da publicação, no seu Instagram, de uma frase de Nina Simone, “O dever de um artista, tanto quanto eu estou preocupada, é de refletir os tempos”. O que talvez seja o que Del Rey faz melhor, 'Lust for Life' poderia ser chamado o próximo capítulo de uma demorada investigação dentro de uma era não específica de qualificadores de juventude que começaram com o vídeo autodirigido para o seu single de estreia, ‘Video Games’.


Essa música cristalizou perfeitamente o estado de espírito e o momento, dividindo uma estética de estar em casa, até agora apenas encontrada nos vlogs, com imagens de uma passadeira vermelha dos anos 50, um outdoor do iPod, e Paz de la Huerta a cair em frente aos paparazzi. Enquanto Del Rey frequentemente insiste que não está perdida no devaneio, obcecada pelo passado, a sua música é uma pungente reflexão de uma geração que continua a resistir às expetativas. É um estudo também, da feminilidade no geral. Pois não é a própria feminilidade, pergunta ela, mergulhada no anacronismo?



Ambas Lana Del Rey e Courtney Love escrevem sobre irresistíveis instituições – Hollywood, aceitação e homens poderosos. A dolorosa diferença de cada narrativa é que as cantoras irão sempre estar fora dos círculos que elas, com desejo, descrevem.



Enquanto Love habilmente agiu como o estranho que não se encaixa, sendo líder da sua banda Hole, durante os anos 90, na era das notas de rodapé infinitas, Del Rey teve o papel da inconsciente desajustada, mais propensa a fazer beicinho do que gritar.



Duas décadas separadas em idade, semelhanças entre as duas mulheres (que tocaram em 8 espetáculos juntas na Endless Summer Tour de Del Rey, em 2015) são irrefutáveis. E se Love tivesse chegado à altura, como Del Rey, em que todos os movimentos profissionais, são documentados na Wikipédia em instantes? Ou se Del Rey tivesse crescido num período em que ela teria de fazer petições para revisões de música, mesmo como mulher de uma grande estrela de rock? Será que seriam mais parecidas? De qualquer das formas, qualquer uma tornou-se numa figura trágica do seu mundo, traçando uma linha entre o herói de culto periférico e a estrela pop reverente.


“As pessoas perguntam-me sobre semelhanças musicais entre nós”, diz Del Rey para Love, que está a ligar de um set de filmagens em Vancouver. “Eu apenas sei que é o tipo de música que eu ouço em qualquer altura: quando estou a conduzir, ou quando estou sozinha, ou quando estou com amigos.”





Lana Del Rey: Então, nós poderíamos falar sobre qualquer coisa… Como aquelas palmeiras em chamas que tiveste no teu vídeo ‘Malibu’. Eu não pensei que elas eram reais!

Courtney Love: Quando o rock’n’roll tinha orçamento, queres dizer? Oh meu Deus Lana, incendiar palmeiras era tão divertido. Tu pensavas que elas eram feitas em CGI?



LDR: Sim.

CL: Meu deus, tu és tão nova. Eu incendiei as palmeiras. No meu tempo, querida, tu tinhas de ir para a escola na neve. Então, desde que andei em tour contigo, eu entrei neste tipo de obsessão e entrei nesta tua toca de coelho – não é como se eu estivesse a usar uma coroa de flores, Lana, não tenhas ideias – mas eu amo isso. Eu amo tanto como eu amo PJ Harvey.



LDR: Isso é fantástico porque talvez, é ligeiramente bem documentado, mas eu amo tudo o que tu fazes, tudo o que tens feito – eu não quis acreditar que tu vinhas em tour comigo.

CL: Eu li que tu gastas muito tempo na masterização e na mixagem. Isso é verdade neste novo álbum?



LDR: Oh meu Deus, sim, está a matar-me. É porque eu gasto tanto tempo com os engenheiros a trabalhar na ressonância. Porque eu não gosto nada de uma produção “lustrosa”. Se eu quero um bocado daquele sentimento retro, como aquela ressonância de mola ou tipo Elvis, algumas vezes se enviares para um “misturador” de fora, ele pode tentar e “secar” melhor as coisas e tornar o som mais pop. E o ‘Born to Die’ teve isso, mas no geral eu tenho uma aversão a coisas que soam muito “lustrosas” – tu tens tens de selecionar e escolher. E algumas pessoas dizem, “Não está preparado para a ´radio se não estiver bem brilhante desde o início ao fim”. Mas tu sabes disto. Quem misturou as tuas coisas é um génio. Quem é que o fez?

CL: O Chris Lord-Alge e o Tom Lord-Alge. O Kurt era muito preocupado na masterização. Ele sentava-se em cada sessão como um demónio. Eu nunca me preocupei muito na masterização porque é bastante chato.



LDR: É mesmo muito chato.

CL: Eu acho que a minha música favorita tua – tu não vais gostar disto porque é cedo – é a ‘Blue Jeans’. Quer dizer, “You’re so fresh to death and sick as ca-cancer’? Quem é que faz isso?



LDR: Eu tenho que admitir que essa música tem o Emile Haynie em todo o lado. Eu lembro-me que ‘Blue Jeans’ era mais uma balada do Chris Isaak e depois eu falei com ele [Haynie] e tornou-se no que está agora. Eu fiquei, “Este é o poder da produção adicional.” A música tocava na rádio do Reino Unido, na Radio 1, e eu lembro-me de pensar, “Foda-se, isto começou como uma composição clássica que eu tive do meu amigo compositor, Dan Heath”. Era apenas, seis acordes a partir dos quais eu começava a cantar.

CL: Tu tens aquela letra (na música), “You were sorta punk rock, I grew up on hip hop.” Cresceste mesmo no hip hop?



LDR: Eu não encontrei boa música até eu sair do ensino secundário, e eu acho que isso foi apenas porque, vindo do norte, nós tínhamos country, tínhamos NPR, e tínhamos MTV.

CL: O que eu ouço na tua música é que tu criaste um mundo, criaste uma personagem, e tu criaste este tipo de enigma que eu nunca criei, mas se pudesse voltar atrás, criaria.



LDR: Estás a falar a sério, agora? Eu nem sei se o teu legado poderia ser ainda maior. Tu és uma das únicas pessoas que eu conheço cujo legado a precede. Apenas o nome “Courtney Love” é… Tu és grande, querida. Tu és Hollywood. (ri-se) Estar em tour com a Courtney Love foi como um diamante da Elizabeth Taylor.

CL: Tu sabes que eu conheci a Elizabeth Taylor? Eu estava com a Carrie Fisher na festa da Páscoa dela e ela demorou seis horas para descer as escadas.



LDR: Adoro.

CL: Eu olhei para a Carrie e disse, “Isto não vale a pena”, e a Carrie disse, “Oh, vale sim.” Então nós subimos sem ninguém nos ver e, Lana, quando passas pelo quadro da Elizabeth Taylor enquanto sobes, sorrateiramente as escadas e diz “001”, tu começas a ficar com arrepios. E depois vês o quarto dela e é tudo lavanda, como os olhos dela. E ela está na casa de banho a ter o cabelo arranjado por este tipo chamado José Eber, que usa um chapéu de cowboy e tem longos cabelos, e eu fico tipo “O que é que eu estou a fazer aqui? Eu não sou da realeza de Hollywood.” E as primeiras palavras que saem da boca dela são, “Foda-se, Carrie, como é que estás?” Ela foi tão maliciosa mas tão deusa ao mesmo tempo.



LDR: Ela era maliciosa. O facto de que ela se casou com o Richard Burton duas vezes – e todas as histórias que ouves sobre aquelas discussões malucas – ela queria aquilo. Ela queria confusão.

CL: Tu sabes que mais, querida? Eu comecei bem cedo. Eu comecei a perseguir o Andy Warhol antes que pudesse pensar nisso. E tu meio que fizeste o mesmo, pelo que eu percebo. Aquele sentimento do “Eu quero fazê-lo” [tornar-se grandioso na indústria]. E não há nada de errado com isso.



LDR: Não, não há. Não há nada de errado com isso quando fazes o resto pelas razões corretas. Se a música está realmente no teu sangue e tu não queres fazer nada diferente e não te importas pelo dinheiro até mais tarde. É também sobre a vibe, não querendo ser clichê. E as pessoas. Eu acho que tinha isso em comum. Era sobre querer ir aos shows, querer ter o teu próprio show – vivê-lo, respirá-lo, comer, tudo.

CL: Posso perguntar-te sobre o teu tempo em New Jersey? Esse tempo foi para procurares a tua alma?



LDR: Oh, eu nem sei se deveria ter dito a alguém que eu estava a viver numa caravana em New Jersey mas, estupidamente, eu fiz esta entrevista na caravana, em 2008

CL: Eu vi-a!



LDR: É embaraçoso, é embaraçoso. (ri-se)

CL: Estavas muito adorável, apesar de tudo.



LDR: Eu pensei que era “rockabilly”, eu era platina. Eu pensei que o tivesse feito da minha própria forma.

CL: Eu compreendo totalmente.



LDR: A única coisa que eu desejo ter feito era ir para LA em vez de New York. Eu andava a tocar há uns 4 anos, apenas noites de microfone aberto, e eu consegui este contrato com esta gravadora indie chamada 5 Points Records, em 2007. Eles deram-me 10 mil dólares e eu encontrei esta caravana em New Jersey. Então eu mudei-me para lá, acabei a escola e eu fiz aquele álbum (Lana Del Ray a.k.a Lizzy Grant), que foi arquivado durante 2 anos e meio e depois foi lançado durante 3 meses. Mas eu estava orgulhosa de mim própria. Senti-me como se tivesse chegado, da minha própria forma. Eu tinha a minha forma de pensar e eu sabia que iria influenciar o que eu faria a seguir. Foi definitivamente uma fase. (ri-se)



CL: Mas tu tens “provas” de ser uma ‘Brooklyn Baby’. Tu podes escrever sobre New York habilmente, e eu não. Eu tentei escrever uma música sobre uma rapariga trágica em New York, a descer a Rua Bleecker – mas esta rapariga não conseguiria ir a essa rua, então a música não fazia sentido nenhum, certo? (ri-se). Eu fiz o meu tempo lá, mas perseguiu-me para longe. Eu não conseguia faze-lo porque eu não estava a ir a solo. Eu tinha que ter uma banda.

LDR: Eu queria tanto ter uma banda. Eu senti que não teria tanto medo do palco como tive quando comecei a fazer shows maiores. Eu realmente queria a camaradagem. Eu não consegui encontrar isso até há uns anos atrás, eu diria, eu tenho estado com a minha banda já há uns 6 anos e eles são fantásticos, mas eu desejava ter pessoas – eu fantasiei sobre Laurel Canyon.


CL: Eu queria a camaradagem. As bandas alternativas no meu bairro eram Red Hot Chili Peppers e Jane’s Addiction. Eu conhecia o Perry e eu estive no secundário com dois dos membros dos Peppers, eu lembro-me de ser um extra num vídeo dos Ramones, e ele parou, quando estavar a andar com a Lisa Bonet, e foi algo grande.

LDR: Estás a ver? Tu não vês isso em New York. Quando eu cheguei lá, os The Strokes tiveram um momento, mas foi só isso. LA foi sempre o epicentro da música.



CL: LA é mais fácil. As pessoas têm garagens. E depois quanto mais subires na costa, em Washington e Oregon, as pessoas têm casas maiores, garagens maiores, e as pessoas têm pais. Eu não tinha pais, e tu – bem, tu tinhas pais mas estavas por tua conta.

LDR: Sim. Tu sabes aquela música tua que diz “(Just shut up) you’re only 16?” Eu acho que existem diferentes tipos de pessoas. Existem pessoas que ouviram “O que é que tu sabes? Tu és apenas um miúdo,” e depois existem aquelas pessoas que tiveram bastante apoio como “Persegue-o, persegue os teus sonhos,” (ri-se) E eu acho que quando tu não tens isso, tu meio que ficas presa numa certa idade. Aleatoriamente, nos últimos anos, eu sinto que cresci. Talvez eu apenas tenha tido tempo para pensar sobre tudo, processar tudo, eu pude mudar-me e pensar sobre como me sinto agora, a cantar músicas que escrevi há dez anos atrás. Realmente sinto-me diferente. Eu estava quase a reviver aqueles sentimentos no palco, até recentemente. É estranho ouvir de novo as minhas coisas.

Hoje, eu estava a ver alguns dos teus antigos vídeos e estas filmagens de ti a tocares num grande festival. O público eram apenas raparigas – apenas raparigas jovens, filas e filas, e eu lembrei-me da vasta influência que isso tem nos adolescentes E – voltando ao enigma e à fama e ao legado – tu sabes, aquelas raparigas que cresceram e as raparigas que têm 16 anos agora, elas relacionam-se contigo da mesma forma que se relacionavam quando tu começaste. E isso é o poder da tua astúcia. Tu és uma das minhas escritoras favoritas.



CL: Tu és uma das minhas, então, checkmate. (ri-se)

LDR: O que tu fizeste foi o auge de ser “fixe”. E existe muita música diferente agora, mas os adolescentes ainda sabem quando algo vem, autenticamente, do coração de alguém. Pode não ser a música que vende mais, mas quando as pessoas ouvem, elas sabem. És fã do John Lennon?



CL: Quando eu ouço, ‘Working Class Hero’, é uma música que eu desejava ter escrito. Eu nem iria fazer um cover. Quer dizer, a Marianne Faithfull fez um cover dela perfeitamente, mas eu nunca poderia fazê-lo porque eu acho que a Marianne fez um excelente trabalho e isso é tudo o que precisa de ser dito.

LDR: Eu também me senti assim quando fiz o cover da ‘Chelsea Hotel #2’, a música do Leonard Cohen, mas quando eu estava a fazer shows mais acústicos, eu não o poderia fazer.



CL: Eu não tenho a tua extensão vocal. Eu tentei cantar a ouvir ‘Brooklyn Baby’ e a ‘Dark Paradise’ e esta nova, ‘Love’. Tu vais elevado, bebé.

LDR: Eu tenho umas mais baixas para ti. Tu sabes o que seria bom, era aquela música, ‘Ride’. Eu não a canto na sua correta oitava durante os shows porque é baixo demais para mim. Mas eu tenho estado a pensar em fazer algo contigo durante algum tempo. Depois de termos feito a Endless Summer Tour, nós estávamos a pensar em pelo menos escrever, ou então nós poderíamos apenas fazer qualquer coisa e tu poderias vir ao estúdio e veríamos o que sairia.



CL: Quando estávamos em tour, as nossas conversas antes do show foram muito produtivas para mim.

LDR: Para mim também. Era um momento real para contar as minhas bênçãos. Eu apenas queria ficar em todos os momentos e lembrar-me de tudo, porque foi tão fantástico.



CL: Eu também. Foi bastante divertido ir ao teu camarim. A minha parte favorita da tour foi em Portland, dar-te o vinil que eu senti que precisavas. (ri-se)

LDR: Quando tu saíste da sala, eu percorri o vinil com a minha mão como se fossem pedras preciosas, tipo ‘Eu não acredito que eu tenho estes (álbuns) que a Courtney me deu, é fantástico pra caralho.’ E nós estávamos em Portland também. Foi surreal.



CL: Sim, eu não gosto muito de ir lá mas eu fui contigo. Nós temos isto em comum, também: ambas fugimos para o Reino Unido. Se eu pudesse viver em qualquer lugar do mundo, seria em Londres.

LDR: Se eu pudesse viver em qualquer lado sem ser LA, eu viveria em Londres. No fundo, eu sinto que eu vou acabar por ficar lá.



CL: Eu sei que vou acabar lá. Eu sei em que bairro vou acabar, e eu sei que quero ficar no Thames. Eu subscrevo esta revista chamada ‘Country Life’ que é meio sobre imóveis e caça da raposa. É fantástica. OK, então se tu não estivesses como estás agora, o que é que farias?

LDR: Tu tens uma resposta clara para isso?



CL: Sim, eu estaria a trabalhar com raparigas adolescentes. Raparigas que estão em centros de reabilitação.

LDR: Isso tem mesmo a ver contigo. Eu sou egoísta. Eu estaria a fazer algo que me pusesse perto da praia, eu seria, tipo, uma má nadadora salvadora (ri-se) Contudo, eu iria ajudar-te nos fins de semana.



CL: Tu preferes estar em Malibu em vez de estar na cidade?

LDR: Eu gosto da ideia. As pessoas nem sempre te vão visitar em Malibu. Então há muito tempo em que estás sozinha, o que é meio que, hmm, eu não estou em Silver Lake mas eu amo tudo, as coisas que se passam lá. Eu acho que teria de dizer que prefiro a cidade, mas eu tenho a minha fantasia de Malibu.



CL: A única coisa que pode acontecer em Malibu é ir ao Etsy e gastar demais.

LDR: Oh meu Deus, mulher… (ri-se) Nem me digas anda. Noites sem sono, demasiado Etsy.



CL: Arrependimentos. Ok, então, liricamente tu tens algumas “obsessões” e uma delas é a cor vermelha. Vestidos vermelhos, escarlate, verniz vermelho… Eu meio que quero roubar isso.

LDR: Tu precisas tomar conta disso, porque eu acho que eu tenho que abandonar o vermelho.



CL: Bem, eu uso demais a palavra “prostituta” [whore]

LDR: Tu ficas com “vermelho”. Eu troco por “prostituta”. Sou uma sortuda.



CL: Eu amo esta nova música. (‘Love’)

LDR: Obrigado, eu amo-a também. Eu fico contente que foi a primeira coisa lançada. Não soa assim tão retro, mas eu estava a ouvir muito de Shangri-Las e queria voltar a um som maior, com um bocado de mais velocidade. Os últimos 16 meses, as coisas têm sido malucas nos EUA, e em Londres quando lá estive. Eu meio que senti que queria uma música que me fizesse sentir mais positiva quando a cantasse. E há um álbum que irá ser lançado na primavera, chamado ‘Lust for Life’. Eu fiz algo que eu nunca tinha feito, o que não é nada demais, mas eu tenho algumas colaborações neste álbum. Falando do John Lennon, eu tenho uma música com o Sean Lennon. Conhece-lo?



CL: Conheço, eu gosto dele.

LDR: Chama-se ‘Tomorrow Never Came’. Eu não sei se alguma vez te sentiste assim, mas quando eu a escrevi eu senti que não era para mim. Eu pensei para quem seria esta música ou quem a poderia cantar comigo, então eu apercebi-me de que ele seria uma boa pessoa. Eu não sabia se deveria perguntar-lhe porque eu tenho uma frase na música que diz “I wish we could go back to your country house and put on the radio and listen to our favourite song by Lennon and Yoko.” Eu não queria que ele pensasse que eu lhe estava a perguntar por causa dos pais. Na verdade, eu tenho ouvido os álbuns dele durante estes anos e eu realmente pensei que era a vibe dele, então eu toquei-a para ele e ele gostou. Ele reescreveu o verso dele e teve notas extensivas. E essa foi a última coisa que eu fiz, em termos de decisões, eu ainda não mixei o álbum mas o facto de que ‘Love’ acabou de sair e o Sean meio que acabou o seu álbum, foi como estivesse destinado. Por causa de todo o conceito de paz, e o amor está realmente nas veias dele e nas da sua família. Depois, eu também tenho o Abel. Na verdade, ele está na faixa-título, ‘Lust for Life’. Talvez seja estranho ter uma colaboração na faixa-título mas eu realmente amo essa música e nós temos dito há algum tempo que iriamos fazer algo; eu fiz coisas nos últimos dois álbuns dele.



CL: Tu tens um único produtor ou vários?

LDR: Rick Nowels. Ele fez coisas com a Stevie Nicks, há algum tempo atrás. Ele trabalha muito bem com mulheres. Eu fiz os últimos álbuns com ele. Até o 'Ultraviolence', que eu fiz com o Dan, eu fiz primeiro com o Rick e depois eu fui a Nashville e trabalhei-o de novo com o Dan. Então, sim, o Rick é fantástico e estes dois engenheiros –os quais trabalham com o Rick, eles fizeram grande parte da produção também. Tu irias amá-los. Eles são super inovadores. Eu queria um bocado de ficção cientifica para algumas coisas e eles tiveram algumas ideias de produção muito boas. Mas sim, isso é tudo. Quer dizer, Max Martin –



CL: Espera, tu escreveste com o Max Martin? Tu foste ao “compound”?

LDR: Tu já lá estiveste?



CL: Não. Eu sempre quis trabalhar com o Max Martin.

LDR: Então, basicamente, a ‘Lust for Life’ foi a primeira música que eu escrevi para o álbum, mas foi meio que o cubo de Rubik. Eu senti que era uma grande música mas…não estava certo. Normalmente eu não volto atrás para editar as coisas assim tanto, porque as músicas acabam por ser o que são, mas esta música, eu voltei atrás constantemente. Eu realmente gostei do título, eu gostei do verso. O John Janick ficou tipo, “Porque é que não vamos ter com o Max Martin para ver o que ela pensa?” Então eu viajei até à Suécia e mostrei-lhe a música. Ele disse que sentiu fortemente que a melhor parte era o verso e que ele queria ouvi-lo mais do que uma vez, então eu pensei em fazê-lo no refrão. Então eu fui de novo para casa do Rick no dia seguinte e disse 'Vamos tentar e transformar o verso em refrão', e nós fizemos, e soou perfeito. Foi aí que eu senti que queria ouvir o Abel a cantar o refrão, então ele encontrou-se comigo e reescreveu-o um bocadinho. Mas depois eu senti que faltava algum elemento tipo Shangri-Las então eu voltei atrás para uma quarta vez e dispus em camadas com harmonias. Agora eu estou finalmente contente com a música. (ri-se) Mas nós deveríamos fazer algo. Tipo, em breve.



CL: Eu gostaria disso. Isso seria fantástico.

 

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: LANA DEL REY: PORTUGAL

TEXTO ORIGINAL: DAZED AND CONFUSED MAGAZINE


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